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domingo, 22 de janeiro de 2012



__Mundo____________________________________


Capitão do Costa Concordia nega demora em acionar alarme.

O capitão do navio de cruzeiro Costa Concordia, que atingiu uma rocha e afundou perto de uma ilha na Itália, afirmou a magistrados ter informado os proprietários do navio do acidente imediatamente, negando uma suposta demora para ativar o alarme, afirmaram fontes judiciais neste sábado.

O capitão Francesco Schettino foi acusado de provocar o acidente em 13 de janeiro no qual ao menos 12 pessoas morreram. Ele está em prisão domiciliar, acusado de homicídio múltiplo, provocar um naufrágio e abandonar a embarcação antes que os passageiros tivessem evacuado.

Suas declarações a procuradores que investigam o desastre, divulgadas na imprensa italiana e confirmadas por fontes judiciais, ressaltam a crescente disputa entre ele e a Costa Cruise Lines, que operava a embarcação de 114,5 toneladas.

O navio, que transportava mais de 4.200 passageiros e membros da equipe, encalhou e afundou perto da ilha Giglio, na Toscana, enquanto o jantar era servido. No momento, ele permanece deitado de lado sobre uma saliência submarina, meio submergido e ameaçando escorregar para águas mais profundas.

Equipes de mergulhadores retomaram as operações de buscas neste sábado, mas as esperanças de encontrar mais alguém vivo já se esgotaram.
Vinte e uma pessoas ainda estão desaparecidas.

Procuradores afirmaram que Schettino conduziu o navio a 150 metros da ilha Giglio para realizar uma manobra conhecida como "saudação" -um cumprimento às pessoas da ilha. Ele admitiu ter chegado muito perto da costa, mas negou deter toda a responsabilidade, afirmando que outros fatores podem estar envolvidos.

Segundo transcrições publicadas pela imprensa italiana de seu interrogatório por procuradores, ele disse que imediatamente após atingir a pedra enviou dois funcionários para a sala de máquinas com o objetivo de checar o estado do navio.

Assim que percebeu a escala dos danos, ele telefonou para Roberto Ferrarini, diretor de operações da Costa Cruises.

"Eu disse a ele: me envolvi em uma confusão, houve contato com o fundo do mar. Estou dizendo a verdade, passamos sob Gigio e houve um impacto", disse Schettino.

"Não consigo me lembrar de quantas vezes liguei para ele na hora e nos quinze minutos seguintes. Em todo caso, estou certo de que informei Ferrarini sobre tudo em tempo real", disse, acrescentando que pediu à companhia para enviar rebocadores e helicópteros.

O presidente-executivo da Costa Cruises, Pier Luigi Foschi, afirmou que Schettino demorou para emitir o alerta SOS e ordens de evacuação, além de ter dado informações falsas para a companhia.

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__Brasil_______________________________________


 Intervenção policial na Cracolândia era necessária, diz arcebispo de SP.

Dom Odilo Scherer visitou a região na manhã deste sábado.

O arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, afirmou neste sábado (21) que a operação policial que combate o tráfico de drogas na “Cracolândia”, no centro da capital paulista, era necessária. A declaração foi feita durante a visita do religioso a um abrigo para dependentes que está sendo construído na Rua Prates, no bairro Bom Retiro, no Centro. O prefeito Gilberto Kassab (PSD) também participou do evento.

“Ninguém está aprovando o uso de métodos truculentos ou violentos, mas a intervenção policial era necessária”, ponderou Dom Odilo. Para ele, as ações do poder público incrementam o trabalho de voluntários que se dedicam à ajuda aos usuários de drogas, como é o caso de vários grupos ligados à Igreja.

Balanço divulgado nesta sexta-feira (20) mostra que a Polícia Militar já realizou 6.924 abordagens a pessoas na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, desde 3 de janeiro, quando teve início a operação de combate ao tráfico. Nesta sexta, mais um foragido do sistema penitenciário foi recapturado. Desta forma, já são 44 foragidos recapturados pela PM. Além disso, outras 140 pessoas suspeitas de envolvimento com o tráfico já foram detidas.

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__Pop & Arte________________________________

Para especialistas, apelo realista faz o sucesso dos filmes de exorcismo.

'A filha do mal', novo longa sobre o tema, estreia no Brasil em fevereiro.
Subgênero chegou ao grande público depois de 'O exorcista', de 1973.


A atriz Suzan Crowley (deitada) e a brasileira Fernanda Andrade em cena no filme 'A filha do mal'  (Foto: Divulgação)

No próximo dia 3, estreia no Brasil o longa “A filha do mal”, drama sobre uma jovem que tenta compreender o que de fato aconteceu por trás dos três assassinatos cometidos pela própria mãe durante um ritual de exorcismo. Estrelado pela atriz brasileira Fernanda Andrade, o filme transformou-se no campeão de bilheteria nos Estados Unidos arrecadando mais de 30 vezes seu orçamento.
Produções que tratam sobre possessões demoníacas e exorcismo quase sempre têm excelente retorno financeiro aos cofres dos estúdios. E, mesmo retratando assuntos polêmicos, como religião e fé, por meio de cenas fortes que, não raro, incluem palavrões cabeludos, autoflagelação e tilintar de ossos quebrados, alcançam repercussão e popularidade.

Mas o que leva tanta gente a confrontar-se com histórias tão perturbadoras e visualmente tão impactantes? “Todos esses filmes têm um apelo muito forte baseado na realidade”, diz Fernando Tostes, curador da mostra RioFan - Festival de Cinema Fantástico, que acontece anualmente desde 2007, no Rio de Janeiro. “Boa parte dessas histórias passa a impressão de que não está acontecendo só na tela. Aquilo parece ser possível na sua vida, na sua casa ou na do seu vizinho. Ninguém parece estar incólume. De alguma forma, acho que é isso que atrai mais as pessoas. Vai além do cinema.”
O flerte com a realidade também parece ser a explicação mais coerente para o repórter e crítico de cinema do jornal “O Globo”, Rodrigo Fonseca. Pare ele, o êxito destas produções está exatamente na abordagem de um acontecimento de ordem sobrenatural com uma linguagem quase documental.
"Além disso, acho que estes filmes têm uma possibilidade única da construir um herói. Ao mesmo tempo em que a figura do exorcista é uma das mais frágeis do cinema, é extremamente heróica, porque enfrenta a encarnação máxima do Mal", destaca o jornalista.

Fenômeno
Considerado a origem da linha evolutiva dos filmes de exorcismo, a produção polonesa “Madre Joana dos Anjos” já demonstrava estas tendências ainda no início dos anos 1960. O clássico de Jerzy Kawalerowicz, estrelado por Lucyna Winnicka, baseia-se no até hoje inexplicado episódio das freiras “endemoniadas” do convento de Loudun, cidade do interior da França, no século 17. Descrita posteriormente como um caso de histeria coletiva, a história inspiraria ainda um livro de Aldous Huxley e outro filme, “Os demônios”, dirigido por Ken Russell e estrelado por Oliver Reed e Vanessa Redgrave.

A famosa cena da levitação em 'O exorcista': filme arrecadou mais de US$ 440 milhões de dólares em todo o mundo (Foto: Divulgação)

Mas foi com “O exorcista”, de 1973, que o subgênero chegou ao auge da popularidade. O filme de William Friedkin aterrorizou plateias do mundo inteiro com as chocantes cenas de possessão e exorcismo da jovem Regan, interpretada por Linda Blair — Ellen Burstyn, Jason Miller e Max Von Sydow também são destaques no elenco. Foi fenômeno de bilheteria (é um dos dez filmes de maior arrecadação da história do cinema), ganhou duas estatuetas no Oscar e serviu de inspiração para outros tantos filmes com a mesma temática.
"Friedkin fez um longa quase tão seco quanto um documentário. Usou uma linguagem de filme policial, com uma câmera quase documental. E colocou um ser aparentemente mitológico, o Diabo, no meio da história. Cinematograficamente isso cria uma equação extremamente surpreendente, pelo menos até aquele momento dos anos 1970", realça Fonseca.
Para Fernando, quase 40 anos depois, o filme ainda tem apelo. “Ele não envelhece. Deixa as pessoas completamente atordoadas até hoje. É o demônio, o Mal puro encarnado, numa típica casa de subúrbio norte-americano. É preciso colocar em perspectiva o fenômeno do Friedkin para entender a popularidade adquirida pelos filmes de exorcismo ao longo das décadas.”

Críticos

Êxito nas bilheterias, os filmes de exorcismo encontram a resistência nos críticos em boa parte de seus lançamentos. Mas há exceções. "'O exorcismo de Emily Rose', para mim, é um dos melhores filmes da década passada. Tem uma premissa muito criativa, que junta o jurídico com o fantástico. Mistura 'A firma' com 'O exorcista'. É brilhante, além de ter um dos maiores duelos de atuação do cinema contemporâneo, potagonizado por Laura Linney e Tom Wilkinson. É, sem dúvida, um filme que precisa ser descoberto", ressalta Fonseca sobre a produção inspirada no caso real da alemã Anneliese Michel, morta em 1976 depois de meses de exaustivas sessões de exorcismo.
E é por meio do inconsciente do público que o exorcismo ainda deve manter-se popular por muito tempo nos cinemas, como explica a psicóloga e psicanalista Ana Cristina Marzolla, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

"Porque você projeta no filme de horror seus próprios horrores. Temos a violência e outros sentimentos menos nobres dentro da gente, mas que precisam de expressão. Temos que lidar com o que nos causa desconforto. Para poder dar conta disso, esses sentimentos precisam ser expurgados de uma uma forma que seja aceita. É aí que entra o cinema. É o nosso lado mais animalesco e a nossa podridão que ficam espelhada nestes filmes. E isso nos deixa mais tranquilos, faz com que a gente consiga dar conta."

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