Ouça ao Vivo

segunda-feira, 10 de outubro de 2011



__Dia das Crianças_____________________________


Brinquedos e brincadeiras ajudaram crianças a definir futuro profissional.

Engenheiro fazia brinquedos na madeira; jovem montou RPG aos 11 anos.
Bonecas viraram advogadas, alunas e professoras para estudantes.


Engenheiro Henrique Batistuta Tiveron fabricava os próprios brinquedos em madeira (Foto: Arquivo pessoal)

Ainda que os adolescentes que não sabem o curso que vão escolher para o vestibular seja expressivo, muitas pessoas têm certeza desde a infância do que querem para o resto da vida. Nesses casos, os brinquedos serviram de inspiração ou para evidenciar a escolha profissional que viriam a fazer.

Esse é o caso do engenheiro Henrique Batistuta Tiveron, hoje com 45 anos. Carrinhos, caminhõezinhos e motocicletas em miniatura feitas de madeira eram os brinquedos preferidos dele – todos planejados e fabricados por ele mesmo, usando martelo, serrote e pregos da fábrica de móveis que os pais tinham ao lado de casa, no interior de Minas Gerais.

A vocação, segundo ele, apareceu cedo. Aos 6 anos, já tinha desenhos que indicavam uma visão mais “apurada” e, aos 10, fazia desenhos em perspectiva e com traços em três dimensões.


De acordo com o engenheiro, havia também os brinquedos que os pais davam, mas eles não duravam muito. “Eu logo abria para ver o funcionamento. Teve um carrinho que eu tirei o motorzinho para fazer um barquinho. Isso aos 8 ou 10 anos. [...] Eu já tinha cansado do carrinho, queria um barquinho. Aí fiz o mastro, a vela e usei o motorzinho”, lembra.

A paixão, ele diz, não foi herdada pelas filhas, de 13 e 24 anos. Durante a construção da residência da família, ele pegou madeiras que sobraram para fabricar uma casinha para as bonecas das meninas e mostrá-las como produzir em madeira. “Mas elas não tinham muita paciência. Diziam ‘não, pai, vamos brincar de outra coisa’”.


de direito Jéssica D'avilla simulava julgamentos com Barbies quando criança (Foto: Arquivo pessoal)

Barbies advogadasSeguir a carreira de direito parecia natural para a estudante Jéssica D’avilla, de 18 anos. Quando criança, ela vestia os terninhos da mãe para fingir que era advogada e carregava uma pasta com cópias de trechos que recebia na escola da ‘Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão’ e do ‘Estatuto da Criança e do Adolescente’. Nem mesmo as bonecas escapavam da vocação da garota.

“[Nas brincadeiras] As Barbies eram advogadas e eu simulava tribunais em que eu era a juíza. Daí eu inventava casos, como uma vez que a Barbie separou do Ken e ficou com a guarda das crianças. Ele, com raiva, sequestrou os bonecos”, lembra. Para o boneco, segundo Jéssica, restou a prisão perpétua. “Minha criatividade era zero para penas, todo mundo levava prisão perpétua.”

Aos 8 anos, ela se juntou a cinco amiguinhos do prédio para fundar o Clubinho da Goiabeira. Eles sempre se reuniam para brincar próximo a uma árvore, mas todas as atividades respeitavam o regulamento que a menina escreveu e guardou dentro da pastinha. Entre as leis previstas pelo estatuto, uma paixão de infância: a preservação da natureza.

Estudante de direito, Jéssica diz que desde criança sente que nasceu para trabalhar na área, na qual via um meio de lutar contra as injustiças. “Você acha que tudo vai dar certo e que sempre tem uma solução para tudo e qualquer coisa, mas não é bem assim. Acho que foi isso que mudou [do que pensava sobre a área quando criança], mas estou cada vez mais apaixonada pelo curso.”

RPG no computador
Apesar de ainda estar no segundo semestre da faculdade, o estudante de ciência da computação Tiago Macedo, de 18 anos, sabe há muito tempo do que quer viver. A certeza veio na infância, junto com a paixão e a curiosidade pelos jogos de videogame e de computador.

“Eu sempre quis ir um pouco além, entender como eles funcionavam. Até que a curiosidade virou mania e, hoje em dia, estudo”, afirma o fã de Sonic.

Macedo ganhou o primeiro computador aos 10 anos, quando passou a frequentar fóruns sobre jogos e tentar descobrir como eram feitos. A partir daí, ele passou também a se interessar por todos os outros programas.

Já no ensino superior, o jovem construiu um simulador de estacionamento. Usando quatro cores para os carros, ele fez com que os veículos se dirigissem a pontas específicas do local, priorizando os cantos. “Acho que não tem nenhuma sensação parecida com ver um programa que você fez durante uma semana, depois de consertar erros e bugs, funcionar.”

Ele não esperou chegar à faculdade para pôr o sonho em prática. Aos 11 anos, o estudante construiu um jogo de RPG (role-playing game, jogo de interpretação de personagens) a partir de um programa que viu em uma revista.

“Quando eu vi que eu podia transformar minha imaginação em algo que todos poderiam ver e interagir, eu descobri que era com aquilo que eu queria trabalhar futuramente.”

Primos cobaias
O universo das salas de aula sempre fascinou a estudante de letras Lorena Zanani, de 19 anos. Na infância e na adolescência, a jovem se divertia brincando de escolinha com os amigos e os primos. “Meus primos eram minhas cobaias.”

Quando não conseguia uma lousa emprestada, ela conta que simulava estar escrevendo exercícios na parede. O gosto pela docência era tão forte que Lorena também trazia as bonecas para as brincadeiras, revezando-as nos papéis de alunas e professoras.

Ela destaca, entre as atividades que adorava quando criança, a correção de redações. A isso ela acrescentou ajudar amigos com dificuldade. A opção por estudar espanhol, e não pedagogia, que até então era a vontade de Lorena, veio mais tarde. A jovem diz que aos 17 começou a cursar o idioma e se apaixonou. “Aí fiz essa escolha, porque poderia dar aula tanto para crianças quanto para adolescentes.”

Segundo ela, desde que se entende por gente quer ser professora. Lorena afirma que sempre admirou muito os educadores com quem conviveu. Além disso, ela tem três tias e dois primos na profissão.



CHAT

Tire todas as suas dúvidas sobre blogs.