__________________________________________________________________
__Assassinato no Rio________________________________
Polícia procura mais um PM suspeito da morte de juíza no RJ.
Ex-comandante do 7º BPM e outros nove PMs estão presos.
Em depoimento, cabo disse que juíza escapou de outros dois atentados.
A polícia informou, nesta quarta-feira (28), que tem certeza da participação de mais um policial militar na morte da juíza Patrícia Acioli, no dia 11 de agosto, em Piratininga, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. O suspeito deve ser identificado nos próximos dias, segundo a polícia.
Um dos cabos presos por suspeita de envolvimento com a morta da magistrada disse aos investigadores que o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira – quando comandava o batalhão de São Gonçalo – fazia operações ilegais e ainda ficava com parte do material apreendido. O tenente-coronel foi exonerado e está preso em Bangu, depois de o cabo acusá-lo de ser o mandante do assassinato da juíza, quando ainda era o comandante do batalhão de São Gonçalo.
Em trechos do depoimento, publicados nesta quarta pelo jornal “O Globo”, um dos cabos presos afirmou que o tenente-coronel recebia parte das apreensões feitas irregularmente por PMs do 7º BPM (São Gonçalo).
Ainda de acordo com o depoimento, as armas usadas no assassinato de Patrícia Acioli foram apreendidas em operações policiais em favelas e parte da munição, usada no crime, pertencia ao batalhão de São Gonçalo.
O cabo disse ainda que após ter sido preso com um tenente e o outro cabo, o ex-comandante esteve no batalhão prisional, em Benfica, na Zona Norte do Rio, e se comprometeu a ajudar os três, indicando inclusive um advogado para defendê-los.
O cabo decidiu colaborar com a polícia em troca do benefício da delação premiada, que pode garantir a ele redução de pena.
Na terça-feira (27), o tenente-coronel esteve na Divisão de Homicídios (DH) e ao chegar ao local afirmou ser inocente. Ele deixou a delegacia sem prestar depoimento, a pedido do advogado de defesa, que alegou desconhecer o inquérito, e voltou para a prisão.
Após a exoneração de Cláudio Luiz de Oliveira do comando do batalhão da Maré, o coronel Isidro, que era subcomandante, assumiu temporariamente o posto de comandante do 22º BPM.
Presos em Bangu
O corregedor da Polícia Militar, Ronaldo Menezes, afirmou na terça que o ex-comandante seria encaminhado para Bangu 8. Mas, nesta quarta (28), Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou, em nota, que o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira e os outros sete PMs presos por suspeita de envolvimento na morte da juíza estão em Bangu 1.
A medida, segundo a Seap, foi tomada "por entender que essa unidade apresenta estrutura física apropriada. A penitenciária possui cela individual, visitação restrita e maior controle no que diz respeito à convivência".
"A decisão tomada foi por entender ser de interesse do judiciário, uma vez manifestado pelo mesmo, em enviar os detentos envolvidos no crime para presídios federais. Essa decisão foi encaminhada ao juiz responsável da 3ª Vara Criminal de Niterói para ciência e manifestação de concordância", conclui a Seap, em nota.
Segundo o delegado titular da Divisão de Homicídios, Felipe Ettore, que investiga o caso, a juíza Patrícia Acioli buscava provas do envolvimento do tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira em grupos de extermínio e casos de corrupção.
A Seap também informou que os policiais se alimentaram normalmente e estão uniformizados.
Depois da morte da juíza, o tenente-coronel conversou sobre o caso com o repórter Caco Barcellos e a entrevista foi ao ar no programa “Profissão Repórter”, em 24 de agosto.
"A relação com 4ª Vara Criminal sempre foi uma relação extremamente tranquila", afirmou o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, quando ainda era comandante do batalhão de São Gonçalo, na entrevista, avaliando a relação que tinha com a juíza Patrícia Acioli como "profissional".
Após a morte da juíza, Cláudio Luiz de Oliveira foi transferido do batalhão de São Gonçalo para o batalhão da Maré.
Inquérito deve ser concluído em 15 dias
Nesta quarta, o delegado Felipe Ettore não quis falar com a imprensa e disse que volta a se pronunciar ao fim das investigações. Ele afirmou ainda que pretende concluir o inquérito em 15 dias.
Segundo a polícia, o cabo que resolveu colaborar com as investigações disse, em depoimento, que a juíza Patrícia Acioli já havia escapado de duas emboscadas.
A polícia procura um PM do 12º BPM (Niterói) que teria levado o tenente preso à casa da juíza Patrícia Acioli, em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói, enquanto eles planejavam o crime. Esse PM teve a prisão decretada na segunda, mas continua foragido.
Confusão no jogo da 'fogueteira'
A juíza Patrícia Acioli e o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira já estiveram de lados opostos anteriormente. Em 1989, eles tiveram um discussão durante uma partida entre Brasil e Chile, no Maracanã.
A partida ficou marcada pelo episódio envolvendo uma torcedora que interrompeu o jogo ao atirar um sinalizador no gramado e ganhou o apelido de "fogueteira".
Na época, a Polícia Militar foi acusada de ter agido com truculência e a então defensora pública Patrícia Acioli deu voz de prisão ao então segundo tenente Cláudio de Oliveira. E os dois foram parar na delegacia.