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terça-feira, 23 de agosto de 2011

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30 anos de banda:


Duran Duran completa 30 anos com volta ao passado e ao Brasil.


'É um lugar que nos proporciona grandes momentos', disse tecladista ao G1.
Banda desembarca no país em novembro para show no festival SWU.

Nick Rhonson (o primeiro, à dir.) junto do Duran Duran: grupo britânico aterrisa no Brasil em novembro como uma das aprações principas do festival SWU, que acontece em Paulínia (SP), em novembro (Foto: Divulgação)

Novo álbum, novo produtor e novos desafios, mas com o frescor de uma banda iniciante. Assim o tecladista Nick Rhodes definiu o atual momento do Duran Duran, banda que ajudou a fundar há 30 anos e que desembarca no Brasil em novembro, como uma das principais atrações do festival SWU.
Em entrevista por telefone, o músico revelou que boa parte das reflexões e avaliações sobre a carreira vieram junto com a produção, gravação e lançamento do álbum "All you need is now", 13º e mais recente trabalho de estúdio do grupo britânico. Elogiado por algumas das publicações especializadas mais importantes do planeta, o disco chegou ao mercado brasileiro em março deste ano e recolocou o conjunto de volta à estrada.
“Este álbum é provalemente o mais próximo que chegamos do manifesto original por trás do Duran Duran desde os nossos três primeiros álbuns. Além disso, foi a primeira vez que nos permitimos refletir um pouco sobre essas três décadas de existência. E também acho que é o melhor disco que fizemos nos últimos 15 anos", comentou o músico.
Segundo Rhodes, a volta às raízes deve-se em grande parte a Mark Ronson, que produziu artistas britânicos como Adele, Lily Allen e Robbie Williams, além do álbum "Back o black", responsável pelo estouro da cantora Amy Winehouse em todo o mundo.
“Ele é perfeito para o Duran Duran. É fã, então tem muito conhecimento e intimidade com a nossa obra. É um grande músico e tem um bom gosto incrível, o que é um dos atributos mais importantes para esta função. E tirou o melhor de cada um de nós, porque confiamos nele. Mark simplesmente combinou conosco, é como um membro da banda", elogiou o tecladista.
A fórmula para Ronson conquistar o vocalista Simon Le Bon, o baixista John Taylor e o baterista Roger Taylor no estúdio, além de Rhodes, foi simples: resgatar a atomosfera e a sonoridade de álbuns como "Rio" e "Seven and the ragged tiger", lançados no início dos anos 80.
"Utilizamos em 'All you need is now' literalmente os mesmos equipamentos com que gravamos os primeiros discos. Foi uma ideia do Mark. Para mim, ele disse: 'Nick, quero que você toque apenas sintetizadores analógicos'. A partir de diretrizes como esta, instantaneamente começamos a soar como o Duran Duran. Ao mesmo tempo, soou muito contemporâneo. Acho que Mark nos guiou de volta", disse Rhodes, destacando mais uma vez o trabalho do produtor.
Foguete para Marte
A contemporaneidade, aliás, tem acompanhado o conjunto de maneira bem próxima. No primeiro semestre deste ano, lançaram-se como cobaias de uma experiência única na carreira da banda. Tiveram um show em Los Angeles transmitido ao vivo pela internet, que contou com participações especiais dos cantores Beth Ditto (The Gossip) e Gerard Way (My Chemical Romance) e direção do cultuado cineasta norte-americano David Lynch ("Cidade dos sonhos", "Veludo azul"), que já havia feito um remix da faixa "Girl panic!", do novo disco.
“Foi algo realmente educativo e ambicioso. Nos sentimos privilegiados por termos trabalhado com ele, um cara que admiramos de longa data. David criou pequenos filmes, imagens que foram sobrepostas à banda no palco. E foi tudo editado ao vivo. Nunca vi tanta tecnologia em minha vida. Acho que poderíamos ter lançado um foguete para Marte com todo aquele equipamento", brincou o tecladista, acrescentando: "Foram grandes as chances das coisas saírem desastrosamente erradas, mas isso acabou tornando tudo ainda mais excitante. Foi um desafio".

O baixista John Taylor, à esquerda, e o vocalista Simon Le Bon da banda Duran Duran se apresentam no Mayan Theatre, em Los Angeles, nesta quarta-feira (23). O show, transmitido pela internet em tempo real, foi dirigido pelo cineasta americano David Lynch, (Foto: AP)

Depois de passar com louvor pela era dos LPs, cassetes, videoclipes superproduzidos e CDs — o grupo já vendeu mais de 80 milhões de discos no mundo inteiro —, o Duran Duran também recorreu à internet para promover e comercializar o primeiro single do novo álbum, também chamado "All you need is now", antes do álbum chegar às lojas. Nick só muda o tom quando fala sobre os downloads ilegais.
“É um tanto vergonhoso que novos artistas não percebam o quanto isso é nocivo para eles. Provavelmente não vão conseguir nem fazer um próximo álbum. Para mim, é algo que simplesmente não funciona. Deste ponto de vista, acho que deveria haver um pouco mais de respeito por parte de quem adota este tipo de prática. Fica aqui minha sugestão: se você realmente ama alguma coisa, pague um dólar por isso. Ou 50 centavos, que seja. Pois assim você estará ajudando aquele artista a chegar aonde ele quer", ressalta.
Reality showsIntegrante de uma das bandas precusoras do new wave e do new romantic, subgêneros da música pop que alcançaram o auge da popularidade na década de 80, Rhodes é cético ao comentar o presente do panorama da indústria musical. Destaca o hip hop como o gênero mais poderoso surgido nas últimas décadas, mas não identifica nada de realmente novo no rock, além de condenar programas de TV caça-talentos como "American Idol" e "Britain's Got Talent".
"Não gosto da música produzida a partir de reality shows. Acho que esse tipo de atração vem contribuindo para uma piora generalizada no nível da qualidade musical atual. É tão medíocre, tão homogêneo. Não há nada de perigoso nem de excitante naquilo. O que eu gostaria de ouvir mesmo são artistas com ideias originais", queixa-se Nicholas James Bates (seu nome de batismo).
Depois de duas passagens pelo Brasil (em 1988 e 2008), o grupo se prepara para aterrisar no país mais uma vez. Por enquanto, os fãs só terão uma oportunidade de rever a banda, que sobe ao palco do SWU, em Paulínia (SP), no dia 13 de novembro.
"Gostaríamos de poder retornar ao Brasil com mais frequência e nos reconectar mais vezes com as pessoas daí, um lugar que sempre nos proporciona grandes momentos. Sentimos que temos uma afinidade bastante natural com a cultura do seu país”, derrete-se Rhodes, que considera uma experiência gratificante tocar em festivais.
"Na verdade, acaba sendo uma grande oportunidade de atingir um novo público, além dos potenciais fãs. Na maioria das vezes, ao fim do show, percebemos uma quantidade imensa de braços erguidos na plateia. Ali notamos que nosso objetivo foi alcançado", conclui.

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