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Comemorações:
90 anos do Partido Comunista chinês.
Cheias de pompas, as comemorações contaram com a presença dos mais altos cargos da política nacional. O presidente Hu Jintao fez um discurso em que previu uma China “próspera, poderosa e democrática”. Daqui a 30 anos.
O Partido Comunista da China (PCCh) celebra nesta sexta-feira (1º) seu 90º aniversário. Cheias de pompas, as comemorações contaram com a presença dos mais altos cargos da política nacional chinesa, e o presidente Hu Jintao fez um discurso para 6 mil pessoas no Grande Palácio do Povo de Pequim em que previu uma China “próspera, poderosa e democrática” daqui a 30 anos.
Hu, que também é secretário-geral do partido, pediu à entidade esforços para conseguir este objetivo até 2049, ano do centenário do regime fundado pelo PCCh. Em um ato condecorado pela música da Internacional - hino histórico dos comunistas - e um gigantesco símbolo da foice e do martelo predominando na sala, Hu afirmou que o Partido deve sentir orgulho de suas conquistas e "não deve adormecer nos lauréis do passado", mas manter sua luta contra a corrupção. "Se não se pune com eficácia, o Partido perderá a confiança e o apoio do povo".
Hu deve manter-se à frente do PCCh até 2012, e na presidência chinesa até 2013. Aos presentes na reunião, ele lembrou a criação da legenda, fundada durante uma reunião clandestina em Xangai que contou com a presença do posterior fundador do regime comunista, o então jovem de 27 anos Mao Tsé-tung.
"Há 90 anos, o PCCh tinha só umas dezenas de militantes, o país era pobre e atrasado e o povo se arrastava na fome e a miséria. Hoje dia, seus membros alcançam mais de 80 milhões, o país está plenário de prosperidade e florescimento e o povo goza de felicidade e saúde", afirmou Hu.
Na quinta, o PCCh inaugurou uma série de obras em todo o país para comemorar a ocasião. São construções de grande porte que demonstram a força do partido. Além disso, vários eventos foram programados em todo o território chinês. No caso de Pequim, um enorme emblema da foice e do martelo de seis metros de altura ocupou nesta semana o centro da Praça da Paz Celestial.
Na televisão, são transmitidas séries e filmes contando a história do PCCh - omitindo os momentos mais obscuros, como o Grande Salto para a Frente e o sangue derramado na Revolução Cultural; o cinema põe em cartaz dezenas de filmes com a mesma temática.
Também havia estimativas de que o PCCh aproveitaria a efeméride para iniciar os exercícios militares em águas abertas do primeiro porta-aviões de sua Marinha, mas parece que isso ainda vai demorar um mês, por problemas técnicos.
Segundo analistas, a enorme propaganda que o Governo chinês fez do 90º aniversário se justifica pelo fato de que esta é a última grande ocasião dos atuais líderes para celebrar suas conquistas. Já a partir do ano que vem, a cúpula do partido começará a ser trocada.
Além de Hu Jintao, o primeiro-ministro Wen Jiabao e os demais líderes da alta hierarquia do Partido deixarão a legenda em 2012. Um ano depois, será a vez dos membros do governo e, por fim, os das Forças Armadas, seguindo a tradição de não ocupar tais cargos por mais de dez anos, iniciada pela cúpula anterior (a geração do presidente Jiang Zemin).
Por outro lado, as celebrações buscam resistir a um ano complicado da imagem da China no exterior, diante do aumento das críticas internacionais à situação dos direitos humanos do país, especialmente devido à prisão irregular do artista e ativista Ai Weiwei.
As complicações enfrentadas pelas autoridades de Pequim também aumentaram em 2011 no interior da China, onde foram convocados protestos - frustrados - inspirados nos que revolucionam o mundo árabe desde o início deste ano.
A China também observa um aumento dos protestos trabalhistas e sociais no país, em um contexto de forte inflação e aumento do descontentamento popular devido à crescente distância entre ricos e pobres.