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sábado, 28 de maio de 2011

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Novo 'X-Men' desafia tradição em aposta arriscada.

Situado nos anos 60, 'Primeira classe' renova elenco de série de sucesso.
Diretor descarta HQs e embaralha origens de heróis e vilões da Marvel.


James McAvoy e Michael Fassbender jogam xadrez como Chales Xavier e Erik Lensherr em cena de 'X-Men': primeira classe' (Foto: Divulgação)

Onze anos, três filmes e mais de US$ 1 bilhão acumulado em bilheterias mundiais desde sua estreia no cinema em 2000, o grupo de mutantes dos quadrinhos X-Men se prepara para recomeçar do zero com um novo filme, que estreia na próxima sexta-feira (3).
Em vez de seguir adiante com os mesmos atores e linha narrativa, "X-Men: primeira classe" renova o elenco, volta no tempo e encontra os mutantes nos anos 60, antes da criação da escola do Professor Xavier.
Agora interpretado por James McAvoy, Charles Xavier é um jovem recém-formado que se dedica a procurar e estudar a existência de humanos com superpoderes como ele. O personagem ainda não tem a careca ou a cadeira de rodas que se tornaram suas marcas registradas nas quase cinco décadas das HQs e nos longa anteriores.
Na outra ponta, está Erik Lensherr (Michael Fassbender), sobrevivente de um campo de concentração na Polônia obcecado por vingar a morte de sua mãe, executada diante de seus olhos por um carrasco nazista chamado Sebastian Shaw (Kevin Bacon), que, por sua vez, também está reunindo seu grupo de mutantes.

Michael Fassbender (Erik Lensherr/Magneto), Caleb Landry Jones (Banshee), Xavier (James McAvoy), Rose Byrbe (Moira McTaggert), Mística (Jennifer Lawrence) e Havok (Lucas Till): a tal "primeira turma" da escola de mutantes de Xavier (Foto: Divulgação)

A trama principal de "Primeira classe" gira em torno do encontro entre eles e da aliança de conveniência firmada para combater os avanços de Shaw.
Apesar das afinidades entre Xavier e Lensherr - ele também um mutante, capaz de controlar objetos de metais com o pensamento -, a dupla tem uma discordância fundamental: o primeiro luta para ser aceito e mostrar que os mutantes precisam se aliar aos humanos, já o segundo, que se tornaria Magneto, não acredita na convivência pacífica entre as espécies e prega que a melhor defesa é o ataque.
Essas duas visões opostas de mundo estão na origem da criação dos X-Men e da Irmandade dos Mutantes e na base dos conflitos que sempre acompanharam as histórias em quadrinhos desses heróis e vilões criados por Stan Lee e Jack Kirby na década de 60.
Na essência, portanto, o longa-metragem dirigido por Matthew Vaughn mantém-se fiel aos princípios dos personagens. Já na forma...
Incensado por dar uma cara realista aos filmes de super-heróis com a adaptação de "Kick-ass", Vaughn já declarou que preferiu colocar de lado as HQs dos X-Men para trabalhar em sua própria história (com carta branca de Bryan Singer, diretor dos dois primeiros filmes da franquia e produtor e corroteirista deste).
Com "Primeira classe", ele reescreve episódios significativos das origens dos personagens, altera cronologias e alianças e insere eventos e ambiguidades que não necessariamente estavam lá nas primeiras histórias. Em entrevistas, o diretor chegou a afirmar que tentou emprestar apenas o "clima" das HQs originais - movidas pela constante tensão militar entre EUA e URSS - e criar uma espécie de filme de James Bond com os mutantes da Marvel.
O pano de fundo histórico da Crise dos Mísseis de Cuba e o figurino de bond-girl da vilã Emma Frost ajudam, sem dúvida, nessa tarefa. Mas daí a considerar "Primeira classe" uma grande ousadia por essas mudanças talvez seja um exagero.
Não é de hoje que os autores de HQs flertam com episódios históricos, em especial os da Guerra Fria, para dar mais força às histórias. A suposta injeção de realismo também parece mais convincente nos longas de Singer, que usavam o drama dos mutantes para lider com temas ainda mais atuais como genética, bioética e terrorismo.
Ao optar por reinventar um "novelão" que já dura há tanto tempo e abandonar um elenco bem sucedido em favor de novos nomes, Vaughn faz a mesma aposta arriscada que as próprias editoras de quadrinhos promovem de tempos em tempos - matando e ressuscitando heróis, casando e descasando personagens, agradando novos e desagradando velhos leitores.
Se a decisão desta vez é acertada ou não, nem o telepata Xavier tem como saber. Mas uma coisa é certa: na sessão na manhã desta sexta (27), em São Paulo, a reação mais simpática do público foi quando Hugh Jackman fez uma aparição-relâmpago como Wolverine e arrancou gargalhadas como o bom - e velho - ranzinza que todos aprenderam a amar no cinema na última década.

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